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ViraVida é pauta de reunião de defensores públicos dos estados

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O ViraVida entrou na pauta de reunião do Colegiado Nacional dos Defensores Públicos Estaduais e do Distrito Federal (CONDEGE), que aconteceu na sede da Defensoria Pública do Distrito Federal, na manhã desta segunda-feira (24/10). As reuniões são realizadas de forma periódica durante o ano, momento em que defensores de todo o Brasil se reúnem para trocar experiências e discutir estratégias de atuação conjunta nos estados e no DF.

O programa, que apoia meninos e meninas, com idade entre 16 e 21 anos, em situação de extrema vulnerabilidade social, foi defendido pelo presidente do Colégio Nacional de Defensores Público-Gerais, Ricardo Batista, por acreditar no ViraVida como instrumento de restauração de seres humanos em sua integralidade. "Eu acredito neste programa como modo de recuperar a esperança desses meninos, pois vejo os resultados todos os dias ao entrarem no mercado de trabalho. O ViraVida tem a função de pegar tudo aquilo que deu errado na vida da criança e inserir uma semente de sucesso e trabalhar a autoestima delas para que sejam reintegradas à sociedade" salienta Ricardo.

Ainda de acordo com Batista, o objetivo de colocar o ViraVida na pauta do CONDEGE é que defensores de outros estados conheçam o programa e sua relevância, de modo que firmem parcerias, afim de ampliar os serviços oferecidos pelo projeto. "Se não ajudarmos o ViraVida, o programa pode não ter condições de ajudar esses meninos.  Por ser uma iniciativa privada, não há recurso público direto envolvido. Então, a tendência é que as portas se fechem nesse momento de crise. Se a gente não tiver essa união, esse trabalho em rede para apostar no programa, muitos meninos deixarão de ser atendidos. O objetivo é buscar alternativa de fortalecimento de cooperação”, explica Batista.

A coordenadora do ViraVida no DF, Cida Lima, ressalta a participação da Defensoria do Distrito Federal nas ações do projeto, de modo que são indispensáveis para a efetividade do programa. Ela destaca a importância da parceria de defensorias de outros estados para que o projeto tome ainda mais força e garanta a cidadania aos mais vulneráveis. “O ViraVida se concretiza graças à atuação da Defensorias e os braços de força que a Casa tem. A Defensoria tem sido um grande parceiro para o programa se tornar realidade. Quanto mais parceiros e mais ações nós tivermos, mais poderemos ajudar os outros estados a também favorecerem seus alunos a ter acesso em ações de exercício da cidadania, como o ViraVida. Esse encontro com todos os defensores do Brasil é muito importante para fortalecer o nosso trabalho”, completa Cida.

ViraVida na minha Vida

Com o objetivo de sensibilizar os participantes de como o programa pode transformar a vida de adolescentes que tiveram sua infância roubada pela violência, frustração, o medo e o abandono afetivo, Camila Aguiar*, hoje com 23 anos, emocionada, fez um breve relato da sua história transformada pelo ViraVida.

Ela conta que apesar de morar com a mãe e os nove irmãos, não tinha vínculo afetivo com a família, tão pouco perspectiva de vida para estudar, fazer faculdade e ingressar no mercado de trabalho. A jovem era acompanhada pela Vara da Infância, ambiente em que teve conhecimento do projeto ViraVida, ainda aos 16 anos. “No início, eu não queria ir. Mas depois eu vi que no programa eu tinha abraço, carinho e atenção, eu fiquei feliz e me senti completa e especial”, conta Camila.

Hoje, a jovem faz faculdade de Psicologia, é mãe de uma menina de um ano e integra o quadro de funcionários do programa no DF. “Eu me sinto eternamente agradecida ao ViraVida por ter me ajudado e, sobretudo, por me dar a oportunidade de salvar vidas como salvaram a minha”, conta.

Camila contou aos defensores de todos os estados, sob lágrimas e emoção, sua história de vida que teve rumo diferente graças ao apoio do ViraVida. “Acho que se o programa não tivesse entrado na minha vida, hoje eu seria usuária de droga e estaria morando na rua”, completa. Ao fim, Camila foi aplaudida calorosamente pelos que assistiam.

*Nome fictício para preservar a imagem e integridade da adolescente do projeto.

O ViraVida

O ViraVida é um dos exemplos bem-sucedidos de como a educação e a qualificação profissional podem transformar a vida de adolescentes e jovens. O programa, criado em 2008 pelo Conselho Nacional do SESI, apoia meninos e meninas, com idade entre 16 e 21 anos, que sofreram violência sexual.

Utilizando uma tecnologia de intervenção social, o programa oferece aos participantes a oportunidade de adquirir conhecimentos e desenvolver suas habilidades, para alcançarem a transformação em suas vidas por meio da inserção no mercado de trabalho. O objetivo do ViraVida é garantir os direitos e elevar a autoestima desses adolescentes e jovens, criando as condições necessárias para que alcancem a autonomia e o desenvolvimento pleno de suas vidas.

Atualmente, o programa atende mais de cinco mil jovens no Brasil, em 26 cidades. Os cursos já implantados abrangem as áreas de Moda, Imagem Pessoal, Turismo e Hospitalidade, Gastronomia, Comunicação Digital, Administração, entre outros.

Por Gabriela Soares

Foto: Cristiano Costa/Sistema