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Inovação tecnológica deverá ser maior elo entre Brasil e EUA

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, esteve ontem na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em seu pronunciamento a empresários americanos e da indústria brasileira, ela defendeu um acordo de livre comércio entre Brasil e Estados Unidos e o fim da bitributação nas transações entre os dois países. “É claro que a nossa relação implica maior crescimento, mas precisamos resolver alguns problemas, como eliminar a bitributação e considerar um acordo de livre comércio", disse. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, concorda que um acordo para evitar a bitributação é prioridade nas relações entre os dois países. “A bitributação onera as empresas e desvia investimentos e comércio para terceiros países”, justificou Andrade, na abertura do encontro Visão para a Parceria Econômica no Século 21, na sede da CNI.

Hillary citou as parcerias entre os dois países nas áreas de inovação tecnológica e comércio exterior. “Não há garantia de que o progresso que já foi obtido por Brasil e Estados Unidos continuará para sempre. Como é possível manter os impulsos que já foram dados em meio a um ambiente de crise? A saída, em grande parte, vem da inovação. E nossos países estão transformando isso em ação”, disse, ela, frisando que a inovação é o elo chave das relações bilaterais entre Brasil e EUA. E destacou como exemplos os estudos entre Boeing, Embraer e BNDES para a utilização da cana de açúcar em combustível para aviação, o programa do governo federal Ciência Sem Fronteiras – que levará estudantes brasileiros a intercâmbio no país norte-americano – e o novo centro de tecnologia da Microsoft que será instalado no Brasil, o maior da América Latina. 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF) já está antenado com essa realidade, mantendo em sua estrutura o Microsoft Innovation Center Brasília (MIC), fruto da parceria com a Microsoft, que já recebeu, inclusive, reconhecimento internacional às ações desenvolvidas e aos resultados. O objetivo do MIC é acelerar o uso de novas tecnologias e fomentar a economia local de software, por meio de competências e formação profissional, além de parcerias com a indústria brasiliense. “Essa é a indústria do futuro. Tecnológica, não poluente, que utiliza a inteligência como mão de obra. A prática é muito costumeira há anos entre os norte-americanos e queremos criar esta ligação com Brasília”, observa o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Antônio Rocha. Segundo ele, a implantação definitiva do Parque Tecnológico Capital Digital ilustrará bem o discurso trazido pela secretária de Estado americana Hillary Clinton. “País rico e sem pobreza é aquele que investe em pesquisas de desenvolvimento. Como os ditadores da economia das Américas, Brasil e EUA devem dar esse exemplo”, ela conclui. 

Turismo e exportações - Hillary também ressaltou a importância do aumento do turismo bilateral entre Brasil e EUA. Lembrou que os gastos dos brasileiros tiveram aumento de mais de 150% desde 2009 e, por isso, o presidente Barack Obama anunciou à presidenta Dilma Roussef o emprenho em otimizar o processamento de vistos – com a criação de dois novos consulados no Brasil - e as negociações para aumentar o número de voos entre os dois países.

Nesse sentido, deverá haver significativa alteração na pauta de negócios entre os dois países. Para o Distrito Federal, por exemplo, o aumento no número de voos para os EUA interfere diretamente na balança comercial. Isso porque nossa pauta de produtos é bastante focada nas operações especiais, como consumo de bordo. No caso dos combustíveis e lubrificantes – assim como qualquer outra mercadoria para aeronaves -, somente em 2011, as viagens para território estadunidenses geraram negócios de US$ 19,5 milhões – aproximadamente 90% do total. “As empresas aéreas internacionais que operam na rota de Brasília para, principalmente, Estados Unidos e Portugal (que é a entrada da Europa), abastecem no Brasil e a compra é contabilizada como exportação de produto nacional”, explica Antônio Rocha.

No ano passado, as exportações totais do DF para os EUA foram de US$ 20,43 milhões, o que representou 11,09% das exportações do DF no acumulado do ano. Já as importações feitas pelo DF chegaram a US$ 378,62 milhões (30,21% do total). “A pauta de importações dos EUA para Brasília é extremamente diversificada, concentrada em diversos tipos de medicamentos comprados pelo governo federal. Já os produtos que saem daqui para lá são basicamente consumo de bordo, mas com essa consciência de inovação tecnológica, em breve o DF exportará produtos de TI”, aposta Rocha.

Agenda - Após o encontro, a secretária participa da 3ª Reunião do Diálogo de Parceria Global Brasil-EUA com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Na prática, o encontro servirá para aprofundar os acordos firmados entre ambos países durante a vinda de Obama ao Brasil, em março de 2011, e da visita recente de Dilma a Washington. Amanhã, a secretária participa de evento com a presidente Dilma Rousseff em uma iniciativa conjunta dos dois governos sobre a corrupção e transparência dos dados públicos.

 

Patrick Selvatti
Assessoria de Comunicação - UNICOM
Sistema Fibra - Federação das Indústrias do Distrito Federal

Foto: Nilson Carvalho