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Palavra do Presidente: Planejando o amanhã
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- Publicado: Quarta, 08 Janeiro 2014 00:00
O romper de ano é um excelente momento para reflexão também no mundo empresarial. Apurar resultados, detectar falhas e traçar novas metas não são simplesmente praxe em um balanço anual, mas são determinantes para a construção de um planejamento sensato e eficaz. Analisar o ontem, o hoje e o amanhã, portanto, tem que direcionar a indústria brasiliense – setor que represento e que atuo como empresário – a encontrar formas concretas de aumentar sua competitividade e ampliar o campo de espaço, alavancando o PIB da Capital Federal, gerando emprego e renda para a população.
Vamos começar pelo hoje. A indústria brasiliense encerrou o ano de 2013 com crescimento significativo, na casa dos 30%. Embora o resultado de 2013 seja positivo, reitero a necessidade de reflexão. Dois setores – alimentação e edição e impressão – puxaram a alta do faturamento. Isso mostra que existem setores específicos aquecidos e estes têm segurado o desempenho da indústria local. Precisamos, portanto, analisar o hoje, diagnosticar os problemas que têm travado a produtividade dos demais setores industriais e propor políticas públicas que alcancem os que não conseguem reverter a estagnação.
Voltemos, então, para o ontem. Os doze meses que se passaram foram de lutas e conquistas. Iniciamos 2013 anunciando o IDEAS na Casa da Indústria brasiliense. O programa de financiamento de iniciativa do executivo local vem sanar um dos problemas do empresariado, que é acesso ao crédito. O comitê gestor do IDEAS já foi criado. Com financiamento que pode chegar até 13% do faturamento bruto mensal da empresa, o nível de investimento crescerá e será bom para todos: setor privado, governo e, ainda, para a população.
Por meio de pleitos feitos pela Federação, conseguimos, ainda, a manutenção do enquadramento do Simples, em consonância com o limite nacional, em R$ 3,6 milhões ao ano, como forma de garantir a competitividade das micro e pequenas empresas e o desenvolvimento do DF.
Conquistamos, também, junto à Secretaria de Estado de Fazenda do DF, a renovação da isenção do ICMS para a aquisição de máquinas e equipamentos destinados à modernização da produção local.
Não podemos deixar de citar a implantação do Sistema de Reconhecimento e Controle das Operações com Papel Imune, o Recopi, beneficiando empresas que utilizam papel de acordo com as regras do programa; e do Recupera-DF, que reduziu juros de mora e multa, inclusive moratória, relacionados a débitos de diversos impostos.
Outra vitória foi a criação do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), constituído para financiar investimentos em infraestrutura e empreendimentos nos setores de logística e industrial, que deem suporte a novos negócios e atividades produtivas da região. O FDCO atenderá a projetos partindo de R$ 100 milhões e em 2013 teve orçamento na casa dos R$ 1,4 bilhão. Os financiamentos cobrem até 80% do total do investimento, com juros de 5% a 6,5% ao ano.
Em 2013, também mantivemos o diálogo com o poder legislativo, tendo como resultado deste trabalho o lançamento da 11ª edição da Agenda Legislativa da Indústria do DF. Um exemplo claro da atuação da Fibra, enquanto entidade que atua na defesa de interesses da indústria, foi o Projeto de Lei 1532/2013, que trata sobre o licenciamento de atividades econômicas, mais conhecido como alvarás. A Fibra consultou os sindicatos, participou de reuniões e apresentou sugestões para aperfeiçoamento do texto, sancionado no último dia 27 de dezembro como Lei 5.280/2013.
No que diz respeito ao dia a dia do empresariado, assuntos recorrentes não podem ser esquecidos. A reforma tributária não pode ser um tabu e nem utopia por parte do setor produtivo. Se não conseguimos a reforma como um todo, temos que lutar por intervenções pontuais, mostrando o que queremos de mudanças na atual tributação, como, por exemplo, a extinção da multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS, que levou empresários brasilienses ao Senado neste ano. A alta carga tributária permanece no topo dos principais problemas enfrentados pelos empresários do DF, segundo Sondagem realizada pela Federação.
A falta de modernização das relações de trabalho, com temas extremamente delicados - como a terceirização, que não tem lei específica, regras claras que definam o assunto - empaca a produtividade e faz com que nossas empresas não tenham chance de competir com o mercado externo. Além disso, há o desestímulo dos acordos coletivos de trabalhos que trava e enfraquece não só os sindicatos patronais como os laborais.
A ampliação da pauta de exportações também se faz necessária. Neste ano, Brasília aumentou as vendas externas em 17,7%, somente de janeiro a outubro, segundo o MDIC, mas continua concentrada na comercialização de frango, soja e combustíveis de aeronaves. Abrir mercados e internacionalizar nossas indústrias permite a conquista de novos negócios, o aperfeiçoamento do produto e a busca contínua por inovação. A CNI tem buscado firmar acordos multilaterais para tentar parte da solução para fomentar a balança comercial brasileira.
Em números, sairemos de um ano em que a economia brasileira deve crescer na casa dos 2%. A taxa de investimentos saltou para 7% e a indústria nacional inverterá o resultado negativo apurado em 2012, voltando a crescer neste ano que se encerra.
Diante desse cenário, temos que nos preparar para o amanhã. 2014 já começou e a Fibra tem se debruçado em criar uma agenda positiva em prol da competitividade, propondo uma política industrial para o DF.
Falando no amanhã, não podemos nos esquecer que este ano é atípico, de grandes oportunidades de negócio, ao começar pela Copa do Mundo de Futebol, realizada em solo brasileiro, com sete jogos previstos para acontecer no coração do Brasil, no gramado do novo Estádio Nacional Mané Garrincha. Este evento de magnitude sem igual - nunca antes visto no País - movimentará toda cadeia produtiva do DF. É claro, então, que o otimismo do empresariado para os próximos seis meses havia de estar em ascendência, acima da linha divisória dos 50 pontos, de acordo com Índice de Confiança do Empresário Industrial do DF.
Pouco mais tarde, entramos no período eleitoral. Temos duas linhas de pensamento. A permanência dos governos – local ou federal – dá oportunidade do governante de continuar o trabalho realizado, facilita o diálogo já existente e permite à indústria traçar suas metas diante de um cenário estável. Já um novo governo traz consigo o novo e o novo sempre vem junto de expectativas positivas.
Voltando aos números, as perspectivas para 2014 são de expansão do PIB (2,1%), alta nos investimentos (5%) e de continuidade de crescimento na indústria do País (2%). Já a indústria do DF deve ter expansão em torno dos 10%, média verificada na última década.
Podemos concluir que 2013 foi um ano bom, e 2014 poderá ser ainda melhor. Enormes são os desafios, mas maiores são as oportunidades. Temos espaço para crescer mais e com mais qualidade. Em tom otimista, desejo um 2014 de muita reflexão, ajustes e grande sucesso.
Antonio Rocha
Presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal