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Última Atualização: Quinta, 18 Julho 2019 11:45

Após quatro anos de trabalho de professora e aluna, as duas serão reconhecidas em terras internacionais. A professora de Sociologia do Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF) Luciana Kaminski e a ex-aluna da escola de Taguatinga Bruna Eduarda dos Santos vão apresentar um artigo no Congresso Internacional Alas, realizado pela Associação Latino-Americana de Sociologia. O encontro será em Lima, no Peru, de 1º a 6 de dezembro.

Tudo começou em 2016, quando Bruna, hoje com 19 anos, estava na 1ª série do Ensino Médio e participou de atividades da disciplina de Sociologia que abordavam questões de diversidade e preconceito. Em 2018, junto com outros estudantes, elas elaboraram um projeto científico a partir de uma experiência sociológica em Brasília, intitulado Contemporaneidade do Racismo Velado. Luciana Kaminski levou duas alunas, uma branca e outra negra – Bruna –, a dois shoppings da cidade e observou como eram tratadas por vendedores.

Bruna conta que foi totalmente ignorada, enquanto sua colega era bem atendida – até água ofereceram a ela. “Quando começou o debate na sala, grande parte da turma achava que racismo não existia mais, que isso já tinha passado. E a gente teve vontade de fazer algo que mostrasse que isso realmente existia na sociedade brasileira”, conta a ex-aluna do Sesi-DF, que hoje cursa a faculdade de Serviço Social.

Depois dessa experiência, o grupo apresentou o projeto na Olimpíada do Conhecimento de 2018, em Brasília. No mesmo ano, participaram da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do DF, que teve como tema Ciência para Redução das Desigualdades. Na oportunidade, elas se juntaram a outros estudantes e encenaram a peça Eu Sou Negrinha, releitura do conto Negrinha, de Monteiro Lobato, lançado em 1920. Entre os trechos do conto, os estudantes recriaram cenas reais de racismo, como a ocorrida com Bruna.

Em 2019, professora e ex-aluna foram ainda mais longe na luta contra o racismo. Elas submeteram o resumo de um artigo para participar do XXXII Congresso Internacional Alas e foram selecionadas. “O sentimento é de gratidão e a certeza sobre a importância de ter este debate na vida acadêmica e na educação básica. Dividir um artigo com uma ex-aluna é muito gratificante”, diz Luciana.

Agora, as duas vão escrever o artigo completo e realizar a apresentação oral à banca durante o congresso. Além da satisfação de ver um tema dessa importância sendo reconhecido, as duas ainda terão no currículo uma publicação internacional.