Alunos do Sesi-DF se destacaram em prova do Enem 2020

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reúne participantes de todo o País na busca da tão sonhada vaga em curso superior de uma instituição federal. Em 2020, foram mais de 5 milhões de inscritos. Em meio a tantos, a aluna Bianca Nunes (foto à esquerda), de 17 anos, da escola de Sobradinho do Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF) se destacou. Ela chegou perto de gabaritar a redação, fazendo 980 pontos, apenas 20 abaixo da nota máxima de mil pontos.Aluna do Sesi Sobradinho DF Bianca Nunes

“Estudei muito! Estive atenta aos conteúdos ministrados em sala de aula, li vários livros de literatura, fiz exercícios de diversos temas e pesquisas na internet e, claro, contei com a ajuda dos professores”, diz Bianca, empolgada. A jovem abordou no texto a situação atual vivida no País, o isolamento social e o impacto causado nas relações sociais. “Citei os tabus sobre as doenças psicológicas, as consequências dos distúrbios mentais como depressão e suicídio e a falta de conscientização e de empatia da população. A solução que propus foram campanhas educativas e ações efetivas do governo.”

Em um momento atípico, no qual o mundo sofre pela crise sanitária, causada pela pandemia da covid-19, estudantes enfrentaram desafios para tirarem boas notas no Enem. Adaptação no formato das aulas, ensino a distância, sem contato presencial com professores e colegas e tantas outras particularidades. As mesmas dificuldades foram enfrentadas pelos mais de 100 alunos do Sesi-DF que participaram da avaliação, que tem o objetivo de analisar o desempenho educacional e colaborar para a entrada em uma faculdade particular ou em uma instituição federal.

As provas do Enem, versão impressa, ocorreram em janeiro deste ano e foram divididas em dois dias. Os participantes tiveram de responder a 180 questões, divididas em quatro provas objetivas. Além disso, tinham de escrever uma redação de no máximo 30 linhas. A regra é que o texto fosse dissertativo-argumentativo e desenvolvido a partir de uma situação-problema. O tema desta edição foi O Estigma Associado às Doenças Mentais na Sociedade Brasileira.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Exame, dos mais de 5 milhões inscritos, 2.795.369 compareceram aos dois dias de prova ou a pelo menos um dia, e 3.029.391 não compareceram a nenhum dia de aplicação. A prova com a maior média geral foi a redação: 588,74. Vinte e oito participantes obtiveram nota máxima.

Bianca reconhece que o suporte individualizado e o apoio dos educadores fizeram total diferença no aprendizado. “Com a pandemia da covid-19 tivemos de nos adaptar às aulas online, então tive de reinventar a minha forma de estudar. A cada questionamento ou dúvida ao longo de uma atividade, os professores me auxiliavam, indicavam canais de pesquisas e até filmes para que o momento fosse mais leve.” Ela sonha em fazer Medicina Veterinária, Física ou Biologia.

Estrutura da redação e tempo de execução. Esses foram os dois eixos que a professora de Português do Sesi Sobradinho Karla Soares, usou para trabalhar texto com os alunos. “Ensinei a eles a base para construir uma redação: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além das técnicas e da teoria, expliquei que é necessário embasamento, argumentação e entendimento sobre diversos assuntos. Por isso, fazíamos constantes debates. Era o momento em que eles se posicionavam, davam opiniões e faziam questionamentos”, explica. O desafio da profissional era a abordagem de várias temáticas, a partir daí ela passou a integrar outras disciplinas nas aulas. “Convidava outros professores a participar das discussões, assim eles exibiam a visão deles. Isso enriqueceu os encontros. Além disso, promovíamos a integração dos conteúdos, pois o mesmo tema era continuado fora da aula de Português. É interdisciplinaridade.”

ApoioAluno do Sesi Taguatinga DF Andre Alves
Desde abril de 2020, as três escolas do Sesi-DF — Gama, Sobradinho e Taguatinga — trabalham com o ensino a distância. É utilizada a plataforma Microsoft Teams, pela qual é possível transmitir aulas ao vivo, conversar por chat e armazenar arquivos. É pelo programa que crianças e adolescentes realizam atividades e provas, assim como os professores fazem o registro de presença e o lançamento de notas.

Além dos conteúdos ministrados em sala de aula, os estudantes da 3ª série do Ensino Médio também puderam participar do projeto Pré-Enem. Em horário contrário ao das aulas, de segunda a sexta-feira, sempre das 19h20 às 21h20, no formato online, eles faziam atividades, simulados e discutiam conteúdo dos itinerários formativos de Códigos e Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Matemática e Redação.

Por ser um projeto extracurricular, os alunos não tinham obrigação em participar, mas diariamente o público estava presente nos encontros. A programação foi organizada pelos professores da instituição, que se revezavam para ministrar as aulas online e ficavam disponíveis para tirar dúvidas, por meio do chat.

O estudante André Alves (foto à direita), de 18 anos, do Sesi Taguatinga, passou a ocupar o tempo que ficava em casa, diante da pandemia, para se concentrar nos estudos. Criou quadro com anotações e lembretes dos conteúdos, passou a ler artigos científicos, a assistir videoaulas e a acompanhar programas de notícias. “Comecei estudando as disciplinas que eu tinha maior dificuldade e depois revisei aquelas que para mim eram mais fáceis”, afirma. Ele conta ainda que no Pré-Enem aprendeu métodos de interpretação e de resolução de questões. O aluno tirou 920 na redação e a segunda maior nota que conquistou foi em Matemática: 801,5 pontos. “O conteúdo da prova é principalmente matemática básica, por isso, é preciso saber interpretar as perguntas e encontrar nos detalhes as respostas.”

Aluna do Sesi Gama DF Giovanna FerreiraNa redação, André fez uma analogia entre o período da ditadura militar e a atual crise de saúde pública. “Vivemos um momento em que há disputa entre o governo federal e os estaduais para decisão do que se entende como melhor forma para conter o coronavírus. Fiz também citações do livro O Alienista, de Machado de Assis, de como a visão errada de um comportamento humano pode causar prejuízos.” O jovem pretende ingressar no curso de Medicina ou de Ciência da Computação.

Incentivada e instigada pelos professores a buscar informações, a aluna Giovanna Ferreira (foto do fim da página), de 18 anos, do Sesi Gama, desenvolveu um cronograma de estudos próprio. Na sala de aula, o foco estava nos conteúdos equivalentes ao último ano do Ensino Médio. Já no Pré-Enem, concentrava-se em revisar o material dos anos anteriores e aqueles que enxergava como mais difíceis. “Senti mais dificuldade em Ciências Humanas, pois são questões que abordam vários acontecimentos históricos, o que torna as perguntas mais interpretativas do que conteudistas.” Contudo, a estudante tirou 639,9 na prova de Humanas e 900 na redação. “No meu texto falei sobre a negligência do Estado no acolhimento de pessoas com doenças mentais e na estereotipização dessa parcela da sociedade como incapaz.” Giovanna sonha em fazer Medicina ou Relações Internacionais.

Texto: Dayane dos Santos
Foto de capa: Victor Hugo Pessoa/Sesi-DF — 22.02.2021
Fotos dos alunos: Arquivo pessoal
Assessoria de Comunicação do Sesi-DF