Socialização e acolhimento abrem as atividades da 14ª turma do Vira Vida
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- Última Atualização: Segunda, 23 Mai 2022 12:11
Roda das intenções. Esse foi o nome dado para a primeira ação da equipe multidisciplinar do Vira Vida com a 14ª turma. Por meio da terapia comunitária, os profissionais trabalharam sobre a coerência entre as atitudes e as intenções dos alunos. O programa atende pessoas de 15 a 21 anos em situação de extrema vulnerabilidade social.
As atividades da nova turma começaram na quarta-feira, 18 de maio, na unidade São João XXIII do Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF). A data é marcada pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Cem meninas e meninos integrarão o grupo, que no momento tem 88 participantes. O programa aguarda a efetivação da matrícula de 12 alunos que foram selecionados no processo de inserção. Caso os jovens não se matriculem, serão convocadas pessoas que estão no cadastro reserva da turma.
Durante um ano, eles terão aulas de educação básica e cursos de qualificação profissional, além de acompanhamento psicossocial e promoção de direitos de saúde, cultura, esporte e lazer. Por último, os jovens serão inseridos no mercado de trabalho.
“Os nossos esforços estão voltados a transformar a vida de vocês, dar um novo sentido para seguir em frente. Aqui, o espaço é para tratar dores e dar condições para que todos possam alçar voos. A partir de hoje, há mais futuro do que passado”, disse a coordenadora do Vira Vida no DF, Cida Lima, aos alunos.
O primeiro mês do programa é de socialização e acolhimento. Durante o período, serão trabalhadas quatro dimensões: biológica, que trata da apresentação pessoal e da qualidade de vida; social, referente ao bem-estar e a convivência em comunidade; psiquê, que corresponde a relação entre corpo, alma e mente; e a espiritual.
Perfil da 14ª turma
Os adolescentes e jovens assistidos no Vira Vida são vítimas de violência sexual, têm defasagem escolar de série e idade, e histórico de evasão escolar e/ou de repetência e estão inseridos em famílias com vínculos fragilizados ou rompidos.
Dos cem alunos da 14ª turma, 84 são do sexo feminino e 16 do masculino. Setenta e quatro porcento têm entre 15 e 17 anos de idade. A maioria, 49, já está cursando o Novo Ensino Médio, mas 46 deles estão no Ensino Fundamental II. Neste último caso, eles terão aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Sesi-DF. Os outros cinco já concluíram o Ensino Médio. Do total de alunos, 63% já repetiram ao menos um ano da vida escolar e 38% abandonaram a escola em algum momento.
Em relação ao ambiente familiar, 66% afirmaram que na família há histórico de envolvimento com drogas lícitas ou ilícitas. Quarenta e dois porcento têm vínculo familiar fragilizado, 20% dizem que romperam contato com parentes e 38% têm relacionamentos fortalecidos, como o apoio de familiares, por exemplo. Dos atendidos, 62% declararam ter sofrido abuso sexual de algum membro da família. O mesmo percentual de alunos já vivenciou três ou mais tipos de violências como física, psicológica, negligência e exploração sexual. Seis alunos já têm filho.
No quesito moradia, 73% residem no DF e 27% são de cidades do Entorno. Onze porcento moram em abrigo e 23% já viveram em situação de rua.
Para Joana*, de 20 anos, o programa é sinônimo de esperança. “Quero escrever uma nova história para mim. Acredito que o Vira Vida me ajudará com atenção psicológica e oportunidades de crescimento pessoal e profissional. A partir disso, poderei dar um futuro para meu filho.”
18 de maio
A data foi instituída pela Lei nº 9.970/2000 e é um marco da mobilização contra a violência sexual. Além disso, relembra o crime bárbaro contra Araceli Crespo, de 8 anos, nascida em Vitória (ES). A menina foi sequestrada, violentada e assassinada. O crime, que chocou o País em 1973, ficou impune.
A proposta do dia é mobilizar, sensibilizar, informar e convocar a sociedade a participar da luta.
Histórico
O Vira Vida foi criado pelo Conselho Nacional do Sesi em 2008 para atender rapazes e moças em situação de vulnerabilidade social. Em Brasília, o Sesi-DF executa o projeto desde 2009 e já formou 574 jovens, de 15 a 21 anos, em 13 turmas. O Sesi São João XXIII, no Gama, é dedicado exclusivamente às atividades do programa.
*Nome fictício, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
Texto: Dayane dos Santos
Fotos: Moacir Evangelista/Sesi-DF
Assessoria de Comunicação do Sesi-DF