Alunos do Vira Vida concluem curso sobre direitos e cidadania

Formatura projeto Falando Direito Crédito Emerson Leal STJDireito à vida, à educação e à moradia. Esses foram alguns dos temas abordados no curso Falando Direito, ministrado para 44 alunos da 14ª turma do Vira Vida. O programa, executado pelo Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF), atende adolescentes e jovens de 15 a 21 anos em situação de extrema vulnerabilidade social. A cerimônia ocorreu na noite dessa quinta-feira, 22 de setembro, no auditório do Superior Tribunal de Justiça.

O curso foi ofertado pelo Instituto Brasileiro de Educação em Direitos e Fraternidade (IEDF), parceiro do Sesi-DF na formação. Durante 47 encontros online, com carga horária total de 70 horas, os alunos aprenderam sobre diversos temas jurídicos relacionados às fases do ciclo de vida humana.

“Todos vocês e todos na humanidade são seres humanos, sujeitos de direitos e, portanto, precisam ter o reconhecimento social de cada um de nós, com respeito às diferenças. Somos diferentes, mas, ao mesmo tempo, somos iguais; é essa a proposta da nossa Constituição, de uma sociedade livre, justa, fraterna”, destacou o ministro do STJ e diretor acadêmico do Instituto, Reynaldo Soares da Fonseca.

Ao parabenizar os estudantes pela conclusão do curso, a presidente do instituto, Sandra Taya, ressaltou a importância da perseverança para enfrentar obstáculos e deixou um recado aos concluintes: “Trilhem seus próprios caminhos, almejem o topo e arrisquem. Acreditem, invistam em seus sonhos e nunca deixem de ser felizes”.

Os alunos foram selecionados para as atividades de acordo com pré-requisitos estabelecidos pelo instituto e as aulas foram ministradas por profissionais voluntários da área de Direito, como magistrados, defensores públicos e advogados. Além de direitos, o curso tratou de deveres básicos, como conhecimento e respeito a leis penais, trabalhistas, ambientais e políticas.

Concurso de redação

Aluna do curso, Joana*, de 17 anos, foi um dos oradores da turma. Em discurso, ela contou ter se sentido desafiada a participar das aulas, que, segundo ela, despertaram em si emoções, sentimentos e curiosidades. “Durante as aulas, passei a pesquisar mais sobre meus direitos e isso mudou a minha forma de ver o mundo”, disse.

A estudante também foi a vencedora do concurso de redações promovido durante o curso. Como reconhecimento pelo texto, ela ganhou uma bolsa de estudos na Faculdade Republicana.

“O tema que eu mais achei impactante foi o direito de ser adotada e de ter uma família. Esse tema foi escolhido por mim [para a redação] porque eu vi a necessidade de falar o quão importante é ter uma família, pois a família é a base da sociedade, que se destaca como protagonista no desenvolvimento, no caráter e na educação de todos os indivíduos e, por isso, deveria ser mais respeitada”, completou, durante o discurso como oradora.

Vira Vida

O Vira Vida foi criado pelo Conselho Nacional do Sesi em 2008 para atender jovens em situação de vulnerabilidade social. Em Brasília, o Sesi-DF executa o programa desde 2009 e já formou 13 turmas. Os alunos são acompanhados por equipes multidisciplinares em várias áreas: educacional, psicológica, pedagógica, de assistência social e administrativa. O Sesi São João XXIII, no Gama, é exclusivamente dedicado às atividades do programa.

A turma 14 do Vira Vida atende a 100 alunos. No primeiro mês de programa ocorrem momentos de socialização e acolhimento. Durante o período, são abordadas quatro dimensões com os alunos: biológica, que trata da apresentação pessoal e da qualidade de vida; social, referente ao bem-estar e a convivência em comunidade; psiquê, que corresponde a relação entre corpo, alma e mente; e a espiritual.

Para a assessora de Responsabilidade Social do Sesi-DF e coordenadora do Vira Vida no DF, Cida Lima, cursos como Falando Direito contribuem para a formação diária dos jovens, que chegam ao programa desconectados dos direitos que têm como parte da sociedade.  “A base para ser cidadão é saber dos próprios direitos. Nossos alunos são sujeitos de direitos. Também são de deveres, mas o dever vem após eles se apropriarem desses direitos.”

*Nome fictício, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

Texto: Samira Pádua
Foto: Emerson Leal/STJ
Assessoria de Comunicação do Sesi-DF