Cerca de 40 horas de trabalhos semanais, somadas ao tempo dispensado à família, e, em alguns casos, aos estudos. Essa é a rotina de boa parte da população economicamente ativa de todo o País. A falta de tempo e a vida estressante nas capitais têm levado a cada dia mais brasileiros ao sedentarismo e, consequentemente, à obesidade e à uma série de doenças crônicas como a hiper tensão, a diabetes e os problemas cardíacos. Nas empresas, essas são as principais causas de perda de produtividade e de aumento dos custos na assistência à saúde.

Pesquisa realizada e divulgada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi-DF) no ano passado, com a participação de mais de dez mil trabalhadores, revela o diagnóstico de saúde e estilo de vida dos empregados da indústria da capital federal. De acordo com dados do levantamento, 15,7% dos entrevistados têm hipertensão; 7,3% reclamam problemas de depressão; enquanto 25,7% sofrem de problemas de saúde e outros 3,1% de diabetes. E não para por aí.  O estudo mostra que 12,1% dos trabalhadores da indústria são obesos e 13,4% fumantes. Além disso, é óbvio, 23,4% não praticam atividades físicas em quantidade suficiente para beneficiar a saúde.

Diante deste problema, o esporte passa a ser uma das ferramentas na busca constante de mais qualidade de vida para o trabalhador. E os Jogos o Sesi, em todas as etapas, que compreende desde o estadual até a fase internacional promovida pela Confederação Internacional Esportiva do Trabalho (CSIT), têm incentivado inúmeros trabalhadores a buscar uma vida mais saudável, por meio da prática da atividade física.

Este é o caso do administrador postal sênior Marcos Vinícius Bertoni (48), dos Correios. Bertoni explica que praticou esportes quando era ainda adolescente. Mas, em função dos estudos, passou anos sem praticar nenhum esporte. “Estudei e passei no concurso dos Correios. Lá eu descobri que os Correios participavam dos Jogos Poliesportivos Sesi/Empresa, o Jopese, e vi uma oportunidade de voltar a participar de uma atividade esportiva. Isso foi em 1985”, conta Bertoni, que participou, à época, do salto em altura e de corrida. Nos anos seguintes, o administrador mudou para a modalidade vôlei de praia.

Em 1997, Bertoni foi trabalhar no Ministério das Comunicações e, novamente se distanciou do esporte. “Eu fiquei muito sedentário e, de 89 quilos, saltei para os 109 quilos”, relata. Já em 2001, quando retornou aos Correios, tentou voltar aos Jogos do Sesi e não conseguiu. Descobriu que estava com pressão alta. Passou por médicos, por nutricionistas e voltou, desta vez, como corredor. “De lá pra cá, emagreci mais de 20 quilos e nunca mais deixei de praticar atividade física. O esporte move a minha vida”, comemora. Hoje, Bertoni compete nos Jogos Nacionais, na modalidade de natação.

No início, uma brincadeira

Elismar Divino da Silva Peres (32), técnico contábil da Novacap, participou pela primeira vez dos Jogos do Sesi, por puro lazer, em 2002. “Tomei gosto pelo atletismo motivado pelos Jopese. A cada competição, fui melhorando minha marca. Em 2005, participei de um mundial, e conquistei a medalha de bronze”, relembra.

Segundo Elismar, se não fosse o Sesi, o esporte não teria entrado em sua vida. “Eu era totalmente sedentário. No primeiro Jopese, cheguei em 14º lugar. O atletismo mudou completamente a minha vida”, alegra-se, Elismar, que atualmente faz Educação Física na universidade Católica, com bolsa destinada a atletas.
 

De volta à natação

Após dez anos de uma vida completamente sedentária, o supervisor técnico do Metrô William Veloso (40), voltou às piscinas, por meio dos Jogos do Sesi. “Certo dia eu estava em casa e vi uma reportagem pela televisão sobre a competição promovida pelo Sesi. Imediatamente, procurei se podia participar pelo Metrô, voltei a treinar e, em 2005, competi pela primeira vez do Jopese”, conta William, que já obteve o terceiro lugar na prova de nado livre e o segundo lugar no nado costa.

Como consequência, vieram os jogos regionais e, com o resultado positivo, a competição nacional em 2006. “Os Jogos são um incentivo permanente para continuar a treinar. O esporte me proporciona saúde e, assim, eu tenho menos riscos de algumas doenças que chegam com a idade”, diz, sorrindo. William revela que a prática do esporte em sua rotina aumenta, consideravelmente, a produtividade. “A atividade física dá mais disposição, aumenta o autoestima e até nos deixa mais alegres. Isso interfere diretamente no resultado do trabalho realizado cotidianamente”, finaliza.

 

Foto: Cristiano Costa - UNICOM