ViraVida: ajudar o próximo dá sentido ao viver

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A motivação da vida para uns é, muitas vezes, doar-se para devolver a vida para outros. Nesse sentido, trabalharão cerca de 60 profissionais do Sesi e Senai-DF, do Sesc e Senac-DF, além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para resgatar 46 jovens e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social. São meninos e meninas oriundos das ruas de Brasília que, muitas vezes, nem teto têm para dormir. Os jovens serão acolhidos pelo ViraVida, programa do Conselho Nacional do Sesi, que atende adolescentes que já foram ou são vítimas de exploração sexual, promovendo a defesa dos direitos humanos, com um processo socioeducativo, desde acompanhamento psicológico até a formação profissional.

Para tanto, por dois dias (9 e 10/6), técnicos diversos, pedagogos e todo corpo docente que atuará com os jovens selecionados pelo ViraVida estiveram reunidos no Sesi Ceilândia, para não só conhecer mais de perto o programa, como tomar uma injeção de ânimo para este trabalho que agora se inicia. 

Na oportunidade, o superintendente do Sesi-DF, Adonias dos Reis Santiago, fez um discurso de motivação aos presentes. “Em nossas vidas, tudo é passageiro. O que vai permanecer aqui são as nossas ações. E se nós vivermos para ajudar ao próximo, nossas vidas terão sentido”, disse. E acrescentou. “No futuro, vocês poderão dizer: eu participei de um projeto de mudança de vida. Minha vida já valeu a pena”, encerrou Adonias.

Quem fez questão de participar deste momento ímpar foi o presidente do Conselho Nacional do Sesi e idealizador do ViraVida, Jair Meneguelli. Na ocasião, Jair contou aos profissionais o motivo que o levou a criar o programa. “O ViraVida nasceu após a minha indignação diante de um de uma das piores formas de violação dos direitos humanos, a exploração sexual”, relatou.

Jair Meneguelli assistiu numa praia em Fortaleza, diante de sua família, uma agenciadora de menores entregando meninas, entre 14 e 16 anos, a estrangeiros. “Era como se servisse água de coco na mesa de italianos. Aquilo me indignou. Não pude me omitir diante do ocorrido. Tinha que fazer algo”, contou Jair.

IMG_8860Segundo Jair, existe uma rede de exploração sexual no País, que engloba agências de turismo, hotéis, taxistas, restaurantes, barracas e, claro, os agenciadores. “Nós sozinhos não podemos mudar nada. Mas, unidos, podemos construir uma rede do bem. E precisamos convencer a essas crianças que elas têm outra oportunidade na vida. Esse projeto salva vidas, eu sou testemunha disso”, comentou.

O ViraVida no DF

O ViraVida começa com a seleção dos jovens. Com essa etapa vencida, agora, os 46 escolhidos passarão por um momento de ambientação. Cada entidade parceira vai desenvolver uma oficina para acolher e integrar os meninos e meninas, para que eles já possam se sentir pertencentes ao ViraVida.

No dia 20/6, iniciam-se as aulas. Segundo explica a coordenadora do ViraVida no DF, Cida Lima, os jovens terão atendimento integral. “Pela manhã, eles estarão no EJA (Educação para Jovens e Adultos). Às terças, quartas e quintas-feiras, terão aulas de qualificação profissional. Às segundas-feiras, eles estarão no Sesc, na programação recreativa, com esporte, lazer e saúde. E, na sexta-feira, participarão do Projeto Conviver, fortalecendo os vínculos com a escola, colegas e família, momento este que trabalharemos as atitudes e os valores dos adolescentes”, antecipa.

A novidade do programa neste ano, segundo Cida, é como se dará a qualificação profissional dos jovens. No Senac, o aluno vai fazer o curso de Auxiliar Administrativo. Já no Senai, ele vai caminhar por seis áreas de conhecimento: automobilística, elétrica, eletroeletrônica, alimentação, vestuário e informática. “Assim, ao fim do programa ViraVida, ele irá para o mercado de trabalho com um currículo mais amplo”, diz.

Retrospectiva

Essa é a segunda turma do Programa ViraVida no DF. Em 2010, 24 meninos e meninas participaram do Programa e foram diplomados nos cursos de Assistente Administrativo e de Recepcionista, ministrados pelo Senai e pelo Senac, respectivamente.

Os jovens atendidos também tiveram atendimento psicossocial, receberam atendimento médico, odontológico, fizeram exames laboratoriais, participaram de atividades culturais e de lazer e, além disso, ganharam, mensalmente, uma bolsa mensal no valor de R$ 500. O programa oportunizou, ainda, atividades extracurriculares, como aulas de sustentabilidade e descoberta de habilidades, com foco em artesanato, por meio do projeto do Senai-DF chamado EcoAlternativas.

Suzana Leite
Assessoria de Imprensa
Sistema Federação das Indústrias do Distrito Federal
Serviço Social da Indústria (Sesi-DF)
Foto: Cristiano Costa/Unicom