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Candidato comunista ao GDF defende industrialização

O candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB) ao governo do Distrito Federal, Frank Svensson, contrariou expectativas e defendeu a industrialização de Brasília para o fortalecimento da cidade no cenário econômico brasileiro. Segundo Frank, uma indústria forte não serve apenas para produção de riquezas, mas também para o desenvolvimento do trabalhador. “O problema do modelo capitalista é quando o valor de uso de um produto passa a ser trocado pelo valor de troca, puro e simplesmente. Defendo a geração do emprego e, portanto, o proletário”, discursou o candidato comunista hoje durante debate promovido pela Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). O encontro com o empresariado foi aberto pelo presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do DF (Sindigraf), Antônio Eustáquio de Oliveira.

Svensson lembrou que, ao fomentar o parque industrial brasiliense, problemas antigos serão resolvidos, como, por exemplo, a melhoria da região do Entorno de Brasília e o aumento dos postos de trabalho. “O Plano Piloto é mais caracterizado pelo serviço público, mas o Entorno da capital só vai resolver seus problemas mais graves com uma indústria forte, que gere emprego”. O candidato afirma não ser contra os interesses da indústria. “Existe o mito de que não deveria haver industrialização em Brasília. Como diz Engels [Friedrich Engels, um dos fundadores do socialismo, junto com Karl Marx], cada indústria traz em si o germe de uma cidade. Não somos a favor da proibição de indústrias em Brasília, pelo contrário. A indústria é essencialmente urbana”, sustentou.

O candidato, arquiteto por formação e professor da UnB por anos, disse que se sente como um “comediante” ao analisar a trajetória de Brasília ao longo dos 50 anos da cidade. “Hoje me sinto um comediante diante do que a cidade se tornou. A pergunta que me faço todos os dias é: onde foi que Brasília errou?”. Ele afirma que a cidade cresceu de forma desordenada. “Aqui em Brasília o funcionalismo público existe por necessidade, mas que perde muito a sua função social. É uma cidade de segmentos intermediários que não são nem proletários nem burgueses. É o funcionalismo público querendo se “aburguesar” sem poder. Não é carne nem peixe”, assinalou. Frank acrescentou: “Este grande problema de Brasília, portanto, tem uma brilhante solução: as indústrias. Assim, haverá um proletariado organizado e consciente de suas necessidades”.

Caso eleito, a primeira medida do governo do PCB, segundo o candidato, seria aos moldes do que ocorreu em outros regimes comunistas. “Declarar o trabalho um direito de todos e eliminar o fenômeno do imposto. Saúde, educação e segurança receberão melhorias como consequência”, contou.  Frank não explicou, no entanto, como seria a política de arrecadação de tributos em seu governo. O comunista também falou sobre o transporte público. Ele propõe a criação de veículos leves sobre trilhos - os VLTs -, além da ampliação do metrô. “Ônibus têm vida curta, são mais poluentes e suscetíveis a privatizações”.

Filho de marceneiro, Svensson adota um discurso que, inicialmente, não parece ser feito para as massas. Isso porque, segundo ele, a candidatura não é mesmo para angariar votos. ”Vivemos numa época que é mais importante vencer eleições, do que saber fazer as coisas”, dispara. Por conta disso, o comunista afirma que não deverá ter votação expressiva no pleito de outubro. “Não vou ser eleito. Só aceitei ser candidato para fazer um contraponto e contribuir para que meu partido volte a existir à luz do dia, claramente. Mas acho que já faço cócegas na cabeça do cidadão, com o pouco que falo. Inquietar é minha obrigação”, brincou.

Esta foi a quinta sabatina do Ciclo de Debates Fibra Eleições DF 2010 – A indústria em Foco, realizado pela Federação. O próximo debate será com Ricardo Machado (PCO), no dia 14/9.  O candidato Joaquim Roriz (PSC) finalizará o Ciclo no dia 16/9. Os encontros são sempre das 9h às 11h30, no edifício-sede da Fibra, e foram definidos por sorteio. Rodrigo Dantas (PSTU) não apresentou sua inscrição e por isso ficou fora do ciclo de debates.

Frank Svensson

Nascido em 1934 e graduado em arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Frank Algot Eugen Svensson foi professor da UnB e lecionou arquitetura na França e na Suíça, onde também integrou o partido comunista dos dois países. Frank é membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) desde 1959. Esta é a primeira vez que concorre ao governo do Distrito Federal.


Elton Pacheco // Suzana Leite
Assessoria de Imprensa
Sistema Federação das Indústrias do DF (Fibra)
61 3362-3883 / 3839
Foto: Nilson Carvalho/WHD

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