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Brasil não sofrerá novamente com inflação descontrolada

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O economista Mailson da Nóbrega acredita que não haverá grande inflação para derrubar a economia brasileira. A afirmação foi feita na palestra do ex-ministro da Fazenda, na Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), ontem à noite, para empresários locais. “O Banco Central reconhece agora que haveria riscos inflacionários se o consumo brasileiro não desacelerasse e decide que o aumento da Selic será suficientemente longo para conter a inflação”, ele explica. “A sociedade brasileira de hoje é intolerante à inflação, ao contrário do passado, em que acreditávamos que ela fosse um lubrificante para a economia. O povo aprendeu que possui mecanismos que forçam o governo a tomar providências. A perda de popularidade política é uma delas”, afirma o ex-ministro da Fazenda.

 Mailson explica que teremos inflação alta, na casa dos 7%, mas sem nenhuma possibilidade de retrocesso econômico. “O Brasil está mais resistente, com algumas instituições fundamentais”, ele observa. Segundo o ex-ministro, o Brasil hoje possui sistema financeiro sólido e sofisticado - por causa da estabilidade macroeconômica conquistada há 17 anos e comemorada no último dia 1º de julho. O câmbio flutuante é um dos pontos positivos. “Quando o câmbio é fixado pelo governo não é recomendável, pois, diante de uma crise, não dá para fazer alterações. Isso se reflete em um Banco Central autônomo, que, na prática, possui autoridade capaz de tomar decisões de estabilizar a moeda sem se sujeitar a pressões políticas”, explica.

 Outra vantagem do Brasil, segundo Mailson, é possuir superávit primário no setor público, ou seja, uma situação em que se arrecada suficientemente para pagar despesas e ainda os juros, controlando relação entre divida pública e PIB. “Lula devia 58% do PIB quando assumiu. Hoje, Dilma deve apenas 39%. É o oposto do que acontece no resto do mundo, em que a dívida passa dos 50% do PIB”. Isso faz com que o País apresente uma situação externa confortável, com reservas internacionais superiores à dívida externa. Assim, o grau de investimento é desenhado com selo de qualidade para a gestão macroeconômica. “O Brasil não é mais credor. Ao contrário, até o FMI deve para o País”, pondera o economista.

 Mailson complementa, dizendo que avanços conquistados com muita luta ao longo das décadas não permitirão que o Brasil se perca. “A democracia, nosso judiciário independente, a imprensa livre e agressiva são alguns dos fatores fundamentais para gerar condições favoráveis e nos distanciar do populismo latino-americano”, ele conclui.

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Sem reformas -
Por outro lado, Mailson apresenta uma projeção negativa ao afirmar que, no governo de Dilma Roussef, não haverá grandes reformas, como a tributária, a previdenciária e a trabalhista. “Dilma começou bem, graças a sua personalidade comedida. Mas ela tem dificuldade de governar, por não conseguir controlar a colisão de partidos”, ele analisa, lembrando a força de comando que Lula possuía. “De qualquer forma, essa ausência de reformas não é um desastre, mas apenas perda de oportunidade. Isso não gera desestabilidade, e sim falta de crescimento”, avalia.

A curto prazo, segundo o ex-ministro, as tendências no Brasil para 2011 são de economia em desaceleração saudável, taxa de desemprego em baixa, maior superávit da balança comercial e taxa de câmbio alta. Mailson diz que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 3,9% (e não 4,5% como prevê o governo), inflação de 6,4%, assim como a taxa de desemprego e a Selic entre 12,75% e 13%.

Em um diagnóstico do atual governo, Mailson acredita que os investimentos, a demografia e os avanços na educação podem manter ritmo satisfatório de crescimento para o Brasil nos próximos quatro anos. Para ele, há três possibilidades para Dilma: a simples continuidade do governo anterior (70%), um retrocesso na economia por decisões mal tomadas (20%) e um governo de liderança e ousadia (10%).


Mundo não sofrerá depressão nem deflação

Mailson da Nóbrega fez ainda uma rápida análise do cenário financeiro mundial. Segundo ele, depressão e deflação são riscos inexistentes, que ficaram para trás. “O colapso americano de 2008 poderia ter levado o mundo a uma depressão como a dos anos 30. Mas hoje isso não é mais possível. O colapso europeu poderá, sim, aflorar uma nova crise financeira, mas bem menor. O endividamento público excessivo dos países ricos é o maior risco que existe atualmente. E talvez o longo ciclo de baixo crescimento na Europa”, ele tranquiliza.

Com relação a essa crise, o economista garante: o Brasil poderá sofrer os impactos, mas tem total condições de superá-la. “Adquirimos disciplina de mercado. Somos um país previsível, com capacidade de detectar e corrigir erros.

A palestra “Perspectivas da Economia Brasileira e os Riscos Inflacionários” reuniu aproximadamente 110 empresários no auditório da Fibra. Tratou-se de mais uma edição do Encontro Empresarial da Fibra, que oferece aos industriais do DF a oportunidade de discutir temas de interesse do setor, por meio do diálogo e da troca de experiências. Para o presidente em exercício da Fibra, José Luiz Diaz Fernandez, o Encontro Empresarial foi extremamente elucidativo. Logo após a grande crise econômica mundial que atingiu diversos setores da economia entre 2008 e 2009, foi visto em 2010 um fenômeno forte de aquecimento do consumo, que estimulou o encarecimento dos produtos. Para desacelerar o processo, o governo determinou medidas de contenção no início de 2011, entre elas o aumento da taxa básica de juros Selic. “O momento é de incertezas sobre os possíveis riscos que ainda corremos. A partir dessas reflexões, podemos agora aprofundar os conhecimentos sobre o mercado e contribuir para ampliar a industrialização do Distrito Federal com o respaldo de que o Brasil está seguro”, observa Fernandez, que também é presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimovel).

Patrick Selvatti
Assessoria de Imprensa
Sistema Federação das Indústrias do DF (Fibra)
61 3362-6131
61 8181-0452

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