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Indústria do DF mostra que é “catadora”
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- Publicado: Terça, 23 Agosto 2011 00:00
A Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) deixou sua marca no movimento Limpa Brasil! Let’s do it! com o recolhimento de materiais possíveis de serem reciclados separados pelos empregados. A equipe de catadores voluntários passou na tarde da última sexta-feira pelo Setor de Indústrias e Abastecimento (Sia), em uma prévia da mobilização realizada no último dia 21 em todo o DF. Foram recolhidos materiais recicláveis e reutilizáveis como papel, papelão, alumínio, sucatas, plásticos, móveis etc. Durante a semana, alunos do Serviço Social da Indústria (Sesi-DF) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF) percorreram as empresas do Sia realizando uma sensibilização empresarial acerca da necessidade de cada cidadão e organização se responsabilizar pelo lixo que produz.
Quem marcou presença no recolhimento do lixo das indústrias brasilienses foi o coordenador de logística do Movimento Limpa Brasil Lets do it!, Sebastião Carlos dos Santos. Aos 32 anos, o fluminense Tião é presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável de Jardim Gramacho e, com seu jeito natural de líder, teve um papel de destaque no documentário “Lixo Extraordinário”, que concorreu ao Oscar este ano.
Devido a sua atuação e a essa indicação, Tião ficou famoso e usa sabiamente essa fama para ajudar a valorizar o trabalho dos catadores que, hoje, oscilam na casa de 5 milhões, em todo Brasil, segundo o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, do qual também faz parte. Apesar de trabalhar há 11 anos no aterro do Jardim Gramacho, Tião conta que sua familiaridade com o ‘lixo’ vem desde a infância. Sua mãe, dona “Geruza”, por 25 anos o sustentou e a seus sete irmãos, trabalhando no aterro, enquanto seu pai Carlos (falecido há três anos) foi estivador e sindicalista no Cais do Porto.
Diante de toda essa expertise, Tião fala sobre as ações do Limpa Brasil e sobre a importância de uma consciência social em prol do descarte correto dos resíduos sólidos no País em exclusiva exclusiva ao Jornal de Fibra.
Jornal de Fibra: Qual é a importância de uma mobilização como o Limpa Brasil?
Tião Santos: O Limpa Brasil tende a alertar as pessoas sobre as conseqüências que o lixo provoca, seus impactos sociais e ambientais. Existe uma solução para isso: primeiramente, educar a sociedade sobre não jogar lixo fora do lixo. A campanha Eu sou catador tem esse alvo: ensinar que quem cata, não joga. Em segundo, queremos ensinar a separar o lixo orgânico do não orgânico. Precisamos repensar o que geramos de lixo e quanto podemos minimizar o impacto por meio da reciclagem. O mundo ficou pequeno demais pra tanto lixo.
JF: A sensibilização da indústria para esta causa é extremamente importante. Fale um pouco sobre isso.
Tião: Dos maiores geradores de lixo é que vem a maior qualidade de material. A reciclagem vem de material bom e, por meio dela, temos impactos social e ambiental, mas, principalmente, geração de renda e também cidadania. A participação das indústrias mostra que o sistema pode ser adotado pelo setor produtivo, pelo governo e pela sociedade, que traz resposta positiva quando vê que as empresas estão fazendo sua parte. Essa logística reversa – que trata do fluxo físico de produtos desde o ponto de consumo até ao local de origem - deve ser meta especialmente para a indústria.
Tião: Por mais que o Brasil recicle 98% das latinhas e 56% das garrafas PET, ela não se dá pela educação ambiental e pela consciência do cidadão, mas pela exclusão social de alguns nichos dessa mesma sociedade, cerca de um milhão e meio de pessoas que vivem na pobreza e sobrevivem pela reciclagem. Esta participação dos voluntários do Sesi e Senai muda a atitude das pessoas. Trata-se de um grande passo para mostrar que a educação ambiental deve ser incorporada pelas escolas. Os jovens devem ser multiplicadores dessa campanha.
Patrick Selvatti
Federação das Indústrias do Distrito Federal
Assessoria de Imprensa
Fotos: Rafael Curado Matta