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Indústria utiliza pouco os recursos do FCO
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- Publicado: Segunda, 02 Julho 2012 00:00
Os empresários utilizaram apenas 30% dos recursos disponíveis pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) destinados ao Distrito Federal em 2012. Até maio, somente R$ 275,6 milhões dos R$ 945 milhões orçados foram distribuídos e, se os R$ 669,4 milhões restantes não forem captados, a quantia irá para Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os setores de comércio e serviços esgotam seus recursos, mas a indústria é a que menos utiliza o financiamento. Dos R$ 162,1 milhões previstos para o setor, somente R$ 33,8 milhões foram aproveitados até maio. Agricultura e turismo também estão empacados. Em 2011, o DF repassou R$480,9 milhões, utilizando menos de 50% dos recursos disponíveis.
Em reunião realizada na última quinta-feira (28) na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do DF, que atraiu empresários da indústria, representando os sindicatos da Indústria Gráfica (Sindigraf), Madeira e Mobiliário (Sindimam), Vestuário (Sindiveste) e da Informação (Sinfor), o subsecretário de Investimentos Estratégicos do DF, Apolinário Rebelo alertou que está sobrando dinheiro e faltando projetos. “O FCO oferece bons prazos e taxas competitivas. Mas no DF sobra bem mais que as outras unidades da federação”, ele reforça. Segundo ele, qualquer empresário pode utilizar o FCO, independentemente da natureza do negócio e incluindo empreendedores individuais. Os interessados devem procurar o Banco do Brasil ou o Banco de Brasília para apresentar os projetos e obter mais detalhes.
Os prazos do financiamento podem alcançar 20 anos, incluído o período de cinco anos de carência. A taxa de juros varia entre 4,25% e 10% ao ano, de acordo com porte e segmento da empresa. O FCO financia de 70% a 100% do valor das propostas, a depender da localidade e do porte da empresa. Entretanto, segundo os empresários, a obtenção da linha de crédito não é tarefa assim tão fácil. O presidente do Sinfor, Jeovani Ferreira Salomão, por exemplo, reclama de alguns entraves. “O Financiamento chama a indústria, mas barra o setor de TI, tratando-o como serviços, mesmo nós produzindo software”, ele desabafa. Outra queixa do empresário é a exigência da garantia. “A culpa não é da incapacidade do empresário para recolher financiamento, mas pelas dificuldades burocráticas do banco. Como garantia, o Banco do Brasil pede patrimônio, quer imóveis. E todos nós sabemos que os ativos do setor de TI são conhecimento, marca e pessoas. Não temos, nem queremos ter imóveis. Aliás, essa é uma prerrogativa para o Parque Tecnológico Capital Digital”, lembra Salomão.
Para facilitar a aprovação das propostas, o governo autorizou – com portaria publicada no Diário Oficial do Distrito Federal - a liberação de recursos diretamente nos bancos, sem a necessidade de apresentação de carta consulta, quando os projetos não forem superiores a R$ 200 mil, no caso de comércio e serviços, e a R$ 800 mil, para os demais segmentos. “Nossa economia é maior do que a de outros estados. Se torna inadmissível que não consigamos utilizar e fazer render esses recursos. Mas a nossa indústria precisa de investimento para termos demanda”, analisa o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Antônio Rocha.
Texto: Patrick Selvatti
Foto: Cristiano Costa