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Última Atualização: Terça, 23 Outubro 2018 16:44

Um projeto da disciplina de Sociologia da escola de Taguatinga do Serviço Social da Indústria (Sesi) ultrapassou a sala de aula e conquistou o público da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do DF, realizada de 15 a 21 de outubro no pavilhão de exposições do Parque da Cidade. O tema da 15ª edição do evento foi Ciência para Redução das Desigualdades.

No palco principal e no miniauditório, 18 alunos da 3ª série do Ensino Médio encenaram diariamente a peça Eu Sou Negrinha, releitura do conto Negrinha, de Monteiro Lobato. A história, lançada em 1920, narra a vida de uma filha de escrava adotada por Dona Inácia depois da morte da mãe. Mesmo sendo bem vista pela sociedade, Dona Inácia é extremamente preconceituosa e trata Negrinha como escrava, mesmo depois da abolição da escravatura.

Para trazer a história aos tempos atuais, os alunos do Sesi montaram a peça em formato de sala de aula. Um dos jovens interpretou um professor de Literatura que narrava partes da obra, ao mesmo tempo em que os colegas encenavam. Entre os trechos do conto, os estudantes recriaram cenas reais de racismo, algumas ocorridas com eles próprios.

Uma dessas cenas surgiu de uma experiência com duas alunas da professora de Sociologia Luciana Kaminski, coordenadora e idealizadora do projeto Contemporaneidade do Racismo Velado. A educadora levou as alunas, uma branca e outra negra, a dois shoppings de Brasília e observou como eram tratadas por vendedores das lojas. 

A estudante negra, Bruna Eduarda dos Santos (foto), de 18 anos, conta que foi totalmente ignorada, enquanto sua colega era bem atendida ­– até água ofereceram a ela. “Não acreditava que passaria por uma situação assim um dia, que fosse real. E isso foi muito importante para mim, porque mostra que a gente ainda precisa lutar contra o racismo”, diz a aluna, que faz o papel da representação africana na peça.

Nos sete dias de programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do DF, foram 12 apresentações da peça. No final de cada uma, houve um debate entre os alunos e o público. Logo no primeiro dia, uma mulher contou que sua sobrinha já tinha passado por uma situação semelhante à encenação. Para Clara Mel de Almeida de 16 anos, que interpretou Negrinha, relatos como esse gratificam os envolvidos e engrandecem a apresentação. “Acho muito importante conscientizar as pessoas de que o racismo existe, sim. Mesmo que não seja de forma escancarada, ocorre de forma velada”, afirma.

Durante a peça, os estudantes também cantaram músicas de artistas que tratam do racismo, como Sandra de Sá, Vanessa da Mata e Bia Ferreira.

Educação profissional

Além do Sesi, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do DF (Senai-DF) esteve no evento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Uma unidade móvel de Tecnologia da Informação ficou exposta durante os sete dias para visitação e demonstração das atividades de educação profissional. O espaço é equipado como um laboratório convencional e dispõe de estrutura completa para aulas e oficinas.

Veja aqui mais imagens da peça e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Texto: Guilherme Cunha
Fotos: Moacir Evangelista/Sistema Fibra
Assessoria de Comunicação do Sistema Fibra