Ex-jogador da seleção brasileira faz palestra no Sesi

O Sesi Taguatinga recebeu, hoje, a visita de Paulo César Lima, ex-jogador de futebol da seleção brasileira que conheceu o fantástico mundo da fama e, ao mesmo tempo, o abismo das drogas ao longo dos seus 60 anos de idade. Palestrante convidado pelo Sindicato dos Empregados em Entidades de Assistência Social e de Formação Profissional (Sindaf-DF), pela Assfibra, com apoio do Sistema Fibra, Paulo César Cajú contou sobre sua trajetória de vida desde a infância na favela às jogadas nos grandes times do futebol do Brasil e do mundo, além das decepções que o levaram ao mundo de vícios ilícitos e sua recuperação emocionante. Toda a história da vida do ex-jogador é relatada no livro Dei a volta na vida (2009), tema central da palestra, proferida para estudantes da rede de educação Sesi e Senai-DF.

Cajú, nome pelo qual se tornou conhecido após comprar um carro da mesma cor da fruta e descolorido os cabelos logo em seguida, contou sobre a infância na favela da Cocheira no Rio de Janeiro. “Meu pai faleceu quando tinha apenas um mês de vida e minha mãe trabalhava como doméstica e sustentava a mim e a minha irmã mais velha. Tive uma vida de dificuldades e poucas oportunidades. Para ter ideia, eu fazia bola com a meia que minha mãe jogava fora. Enchia de jornal e assim brincava com meus amigos”, disse Cajú, em palestra para estudantes.

Aos dez anos, o ex-jogador fez um teste do Flamengo e, então, conseguiu passagem para o ônibus, material escolar e incentivo para treinar. Nesta fase, teve uma grande oportunidade na vida e, graças a um amigo que queria muito ter um irmão, conseguiu a permissão da mãe e foi adotado pela família do garoto. “Passei a morar no Leblon, bairro nobre do Rio e com o apoio do meu pai adotivo e treinador passei a me dedicar cada vez mais no esporte”, lembra. Aos 18 anos, o jovem já era bi campeão carioca e jogador da seleção brasileira. “Aos 20 anos, já era dono de quatro apartamentos no Rio de Janeiro e tinha uma vida estabilizada. Pude tirar minha mãe da favela, dar conforto a ela e para minha irmã”, relata.

Com a vida noturna agitada, o jogador conheceu as drogas. “Foi então que em um cruzeiro com amigos, em um clima de descontração e festa, champagne, whisky e muitas drogas, cheirei uma fileira de cocaína, raxixe e, por um mês, usei todos os dias. Acreditava que sabia o que estava fazendo, mas depois que experimentei me envolvi sem perceber”, lamentou. Gastos elevados para sustentar o vício levaram Paulo César a vender dois de seus apartamentos, garimpando US$ 600 mil usados para as drogas e bebida.

As conquistas estavam indo para o ralo tão rápido ao mesmo passo que o jogador alcançava a fama. Quando as drogas acabavam, Cajú subia o morro. “Eu via crianças que ganhavam dinheiro com o comércio das drogas e isso é muito triste até hoje” relata. “Buscava na bebida uma forma de relaxar, bebia até três garrafas de whisky para dormir pois as outras bebidas já não satisfaziam mais. “Quando eu era demitido achava que era perseguição, por causa da minha pele, da minha cor. Nunca por causa das drogas”, conta.

Volta por cima

Em 1998, o jogador chegou ao fundo do posso. Naquele ano, um amigo disse. “Não posso ajudar um drogado. Apenas você pode”, lembrou Caju. As palavras tiraram a venda dos olhos do ex-jogador, que hoje reconhece os efeitos daquela frase.  Depois de um mês internado,  com o apoio da mulher largou o vício e mudou-se para São Paulo. O medo de ir para o fundo do poço o fez sair da derrota sem ter frequentado quais quer clínica de recuperação. A atitude do ex-jogador mostra que a iniciativa é uma questão pessoal. E que dá certo.

Presente na palestra, João*, estudante que participa do projeto ViraVida, iniciativa do Conselho Nacional do Sesi, agradeceu em nome dele e dos amigos pelo relato da vida do ex-jogador. Ele, que viveu nas ruas e sabe da realidade de pessoas viciadas, aplaudiu emocionado. “É uma vida muito difícil, principalmente depois que a minha mãe me mandou embora de casa, aos dez anos. O projeto ViraVida é mesmo como o nome diz: mudou a minha vida. Hoje posso fazer esportes, estudar e quero cursar Direito. Vivo em um abrigo. O Sesi é o melhor lugar pra mim. Agradeço muito aos professores e coordenadores pela iniciativa que ajuda muita gente em estado muito pior que o meu”, diz. Os alunos aplaudiram e fizeram perguntas curiosas sobre o ex-jogador.

Participaram do evento o administrador do Sesi Taguatinga Décio Eustáquio, o diretor do Sindaf/DF, Epaminondas Lino de Jesus, e o Capitão Bonetti, amigo e companheiro profissional de Paulo Cesar Cajú.  Ao final da palestra, Caju aconselhou aos jovens estudantes: “Não usem drogas! Nenhum sofrimento vale a pena. É preciso escolher bem suas companhias e viver uma vida saudável e feliz”.

Ana Cláudia Oliveira
Unidade de Comunicação e Marketing
Sistema Fibra
61 3362-3878

Foto: Cristiano Costa / Unicom

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