Vira Vida participa de ações do governo federal em alusão ao 18 de maio
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- Última Atualização: Sexta, 26 Mai 2023 11:44
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data, instituída em 18 de maio, pela Lei nº 9.970/2000, relembra o crime bárbaro contra Araceli Crespo, de 8 anos, nascida em Vitória (ES). A menina foi sequestrada, violentada e assassinada. O crime, que chocou o País em 1973, ficou impune. Em alusão ao dia, a Campanha Faça Bonito, que reúne entidades públicas e movimentos sociais, promoveu uma série de atividades para evidenciar a luta contra este tipo de crime.
Na manhã dessa quinta-feira (18), o Palácio do Planalto abriu as portas para anunciar um conjunto de medidas do governo federal para o enfrentamento da violência sexual contra esse público. O evento teve a presença do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, além de parlamentares e representantes de instituições da rede de proteção — entre elas, o Vira Vida.
Na ocasião, foram assinados três documentos: um decreto de posse dos integrantes da Comissão Intersetorial e Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes e dois protocolos de intenções — um para fortalecer o compromisso do setor privado com o dever de assegurar os direitos de meninos e meninas e outro para fortalecer ações de prevenção e enfrentamento à violência sexual.
“Infelizmente, uma memória afetiva da infância repleta de sonhos e de bons significados não é a realidade de muitos jovens. São aqueles que tiveram a inocência aniquilada, a paz bombardeada, a coragem destruída e o futuro despedaçado pela violência, que muitas vezes é promovida por pessoas que deveriam protegê-los. Por isso, o governo está empenhando esforços intersetoriais para combater essas violações, com a criação de um plano de atenção especial para a nossa infância e a nossa juventude”, disse Silvio Almeida.
A equipe multidisciplinar e alunos da 14ª turma do Vira Vida, programa que atende adolescentes e jovens de 15 a 21 anos em situação de extrema vulnerabilidade social, estavam presente no evento. “São pessoas que chegam para nós com a alma ferida e machucada, que não acreditam em si e no próximo. Trabalhamos o resgate da autoestima e da própria identidade, além da autoconfiança por meio da educação”, explica a assessora de Responsabilidade Social do Serviço Social da Indústria do DF (Sesi-DF) e coordenadora do Vira Vida no DF, Cida Lima.
A iniciativa foi criada pelo Conselho Nacional do Sesi em 2008. Em Brasília, o Sesi-DF executa o projeto desde 2009 e já formou mais de 500 jovens, em 13 turmas. Cada uma tem duração de um ano, período em que os alunos têm aulas de educação básica e profissional, acompanhamento psicossocial, promoção de direitos de saúde e inserção socioprodutiva, além de uma bolsa-auxílio mensal.
Na tarde do mesmo dia, técnicos e alunos do Vira Vida percorreram a rampa do Congresso Nacional com outros atores da rede de proteção e soltaram balões em referência à data enquanto falavam em voz alta o lema da Campanha Faça Bonito: Esquecer é Permitir; Lembrar é Combater.
Prêmio Neide Castanha
Na Câmara dos Deputados, o grupo participou de sessão solene no Plenário Ulysses Guimarães em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
A ação contou com a entrega das estatuetas da 12ª edição do Prêmio Neide Castanha, que é promovida pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, com o apoio da Rede ECPAT Brasil, e tem como objetivo reconhecer pessoas físicas e jurídicas que se destacaram no combate à violência sexual contra esse público.
O Vira Vida ganhou na categoria Boas Práticas em Rede. A vitória se dá pela atuação articulada com integrantes do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente no processo de identificação e encaminhamento de jovens para o programa e acompanhamento durante o andamento das turmas.
“Ao longo do dia, muito se falou sobre combater crimes de violência e ajudar aqueles que sofrem com esse mal, mas é preciso agir. O Vira Vida nasceu em Fortaleza (CE), quando percebi que muitas meninas estavam em situação de prostituição. A partir dali, desenvolvemos um projeto que as atendesse em vários âmbitos, a fim de que elas saíssem daquele contexto por meio de cursos de qualificação e fossem encaminhadas para o mercado de trabalho”, afirma o fundador do programa, Jair Meneguelli, que idealizou a iniciativa quando era presidente do Conselho Nacional do Sesi.
Na cerimônia, o troféu do Vira Vida DF foi recebido por ele. “É necessário dar oportunidade; essas crianças precisam de alguém que as escute e que proponha a possibilidade de um caminho diferente. Muitos conquistaram o ensino superior, alguns, a casa própria e outros realizaram grandes sonhos, coisas até então inimagináveis. É maravilhoso ver que uma iniciativa tão linda alcance vitórias grandiosas”, completa. O presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra) e diretor regional do Sesi-DF, Jamal Jorge Bittar, e o superintendente do Sesi-DF, Marco Secco, prestigiaram o momento, que também teve a participação musical de alunas do Vira Vida e da banda Vozes da Indústria da instituição.
A premiação homenageia Neide Castanha, defensora dos direitos humanos que dedicou parte da vida na luta contra a violência a que são submetidas crianças e adolescentes no Brasil. Ela foi fundadora e coordenadora do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria) e secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Conheça o Vira Vida
A metodologia do Vira Vida é dividida em quatro eixos: desenvolvimento humano, que trata da elevação da autoestima e do fortalecimento de vínculos; capacitação para o mercado de trabalho, que vai da educação básica a cursos de formação profissional; qualidade de vida, que inclui cuidados com a saúde física e mental, e empregabilidade.
As técnicas e as ferramentas utilizadas pela equipe multidisciplinar do programa são baseadas em pesquisas do pedagogo Alfredo Gomes da Costa e do psiquiatra Adalberto Barreto. O primeiro trabalha com a pedagogia da presença, na qual a educação é feita por projetos e pela avaliação sistêmica dos alunos, considerando conhecimentos e habilidades. O segundo é autor de teses sobre terapia comunitária, um espaço de escuta e valorização da vida para o resgate da identidade e da confiança em si.
A iniciativa tem o apoio de outras instituições do Sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do DF (Senai-DF), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do DF (Senac-DF), Serviço Social do Comércio do DF (Sesc-DF) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no DF (Sebrae-DF). O atendimento aos jovens é realizado na unidade Sesi São João XXIII, dedicada exclusivamente ao programa.