Peça sobre JK revela um novo olhar sobre o ex-presidente do Brasil

Espetáculo foi encomendado pelo Sesi-DF e pela Rede Globo Brasília, mais uma homenagem aos 50 anos da capital federal

Conhecido como um dos maiores estadistas brasileiros, principal responsável pela construção de Brasília e, ainda, como o presidente da República que promoveu o maior índice de crescimento econômico brasileiro já registrado em regime democrático, Juscelino Kubitschek de Oliveira tornou-se ícone na história recente do Brasil. Contudo, o espetáculo JK 1960 – O Sonho que Virou Realidade, apresentado no Centro Cultural Sesi, neste fim de semana, permitiu com que o público lançasse um novo olhar sobre essa figura até então intocável,  revelando, mais de 40 anos após sua morte, características de um ser humano comum, amável, e de tamanha simpatia que era capaz de desconcertar adultos para agradar crianças.

A desconstrução ou a reconstrução deste mito foi possível uma vez que o ator Murilo Grossi – que representou JK no monólogo – revelasse sua própria história de vida, ao conviver intimamente com o então presidente até os 14 anos de idade, devido ao fato de seu pai, José Gerardo Grossi, ter sido advogado de Juscelino durante duas décadas.

Durante o espetáculo, que é uma espécie de performance, com projeções, áudios e vídeos, Murilo vive não só JK como ele próprio: atua como narrador enquanto mergulha em suas lembranças de menino. O presidente que circulava em sua casa piscava e sorria pras crianças. Como amigo íntimo, tirava os sapatos. Brincalhão, ensinava cantigas e cobrava a letra dos menores – o que rendia boas gargalhadas. JK, visto como visita ilustre pelos adultos, fazia questão de que as crianças estivessem por perto, porque se sentia à vontade perto delas.
“Éramos seis filhos, seis moleques terríveis. E como JK estava banido de Brasília, ele chegava em nossa casa sem avisar, e, é claro, estávamos por lá. Ele fazia a festa. Contava piadas, cantava conosco. Por muitos anos eu achei que ele se chamava Presidente. Eu não entendia que isso era um título. Muitos anos depois descobri que o nome dele era Juscelino”, revela Murilo. 

As lembranças do ator são diversas. Uma delas é, inclusive, difícil de imaginar. Quem consegue visualizar Juscelino de ceroula de banho e colete salva-vidas amarelo? Certo dia Gerardo Grossi e sua família foram convidados para ir á fazenda de JK. Durante o caminho, as seis crianças foram alertadas e receberam diversas recomendações para se comportarem na casa do ex-presidente. Em um determinado momento, as crianças já estavam entediadas com a conversa dos adultos Juscelino então se levanta e retorna surpreendendo a todos nesses trajes, convidando os pequenos para nadar. “Demos gargalhadas sem fim. Os adultos se emudeceram. Nunca me esqueci deste fato, que mostra o lado mais humano de JK”, relembra.

Além disso, no vai e vem do monólogo, podem-se recordar os famosos discursos de Juscelino, rever sua presença marcante e, inclusive, enxergar a importância dos seus sonhos, em sua maioria hoje realidade. Detalhes sobre o dia da morte de JK, o telefonema recebido horas antes por Murilo e a aclamação de uma multidão de brasileiros no enterro do ex-presidente também é contada em detalhes pelo ator. “Aquela imagem do povo tomando as ruas, descendo das quadras, uma manifestação totalmente espontânea, me marcou demais. Juscelino era uma pessoa absolutamente carismática, encantadora e autêntica. A gente ficava absorvido por aquela simpatia dele. E o interessante é que a dimensão pessoal e pública que eu tinha dele eram exatamente as mesmas”, resume o ator.

E o público aprovou. Segundo o diretor de teatro Carlos Fernírah, que esteve presente na pré-estreia, a peça o surpreendeu. “A mistura de Murilo enquanto JK e depois contando a sua própria história é fascinante. Achei que a peça ficou muito preciosa. Hugo Rodas aproveitou a biografia de Murilo – grande coincidência – e usou com muita inteligência no espetáculo”, disse. Carlos contou, ainda, “que a peça é tão poética que permite que o próprio público se sinta um pouco dessa criança que riu com JK, que brincou com ele, que sentou aos seus pés”.

A peça foi encomendada pelo Sesi-DF, em parceria com a Rede Globo Brasília, ao renomado diretor uruguaio Hugo Rodas, como mais uma homenagem ao cinquentenário da cidade. E Murilo Grossi que nasceu em São Paulo, mas que chegou com poucos dias de nascido em Brasília, fala do seu amor pela capital federal. “Sempre senti muito orgulho de ser de Brasília. Quem fala ‘Brasília é a minha cidade’, já começa errado. Brasília não é de ninguém. Brasília é de todo mundo. Então, eu sou de Brasília. E não Brasília é minha”, diz. E acrescenta: “Sempre senti muito orgulho de viver de perto esse momento tão peculiar da história do Brasil. Fico muito feliz de que minha formação ética e também moral ter sido edificada nesse período e, inclusive, de ter convivido com esse personagem tão importante pro Brasil, JK”, encerra.


Suzana Leite
Assessoria de Imprensa
Sistema Federação das Indústrias do DF
Serviço Social da Indústria (Sesi-DF)
Foto: Cristiano Costa/ Unicom

 

 

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